Marte muitas vezes
escondeu-se do escuro
e sem perceber provou das sombras
nos refúgios mais distantes
pelos quais seu corpo nunca imaginou chegar.
Marte que um dia sonhou
já não tem mais sonhos
ele apenas dorme
em sintonia das rochas
enterradas na profundidade da terra
por medo de ficar acordado.
Marte tinha sede de vida
corria, pulava, sorria
apanhou frutas no pé
tomou banho de açude
queria ver o mar,
mas hoje já não tem prazeres
apenas mata fome
ou a cada instante ela o mata
ao se contentar com o resto
de pão, de palavras , de olhares.
Marte já contou estrelas
na noite clara de céu limpo,
esperou o raiar do sol
desprovido de angústias,
agora, ele apenas se esconde do preconceito
atrás de papelões rasgados
atrás de sua barba suja
atrás de sua voz calada
que emite apenas espasmos sonoros
os quais nem ele mesmo compreende
Marte queria ter família
e um dia temeu não encontrar
uma mulher que o amasse,
e tantas vezes sentiu vergonha
das meninas de sua escola,
mas Marte já não tem esperanças
e não se preocupa se amanhã
choverá ou aparecerá o sol
pois o tempo e seu corpo
vivem em constante desarmonia.
Marte muitas vezes
escondeu-se do escuro.
domingo, 28 de junho de 2009
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